Friday, March 28, 2008

A MELHOR SELEÇÃO QUE O MUNDO JÁ VIU JOGAR


Com os 50 anos da Bossa Nova bateu uma onda saudosista; e como futebol é cultura, vou relembrar o que foi a Seleção de 70. A melhor seleção que já houve na história do futebol.

Nos 70 era o Homem na Lua e Pelé na Terra. Mas o time do Brasil não era apenas Pelé; nascera da mistura do Santos (SP) e Botafogo (RJ) que viviam um grande momento. O técnico, o jornalista João Saldanha, escalara como titulares: Felix (Fluminense) ,Carlos Alberto (Santos), Djalma Dias (Santos), Joel (Santos) Rildo (Botafogo), Piazza (Cruzeiro), Gerson (Botafogo), Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos).

O povo chamava a Seleção de As Feras do Saldanha. Nas eliminatórias passeávamos sobre os adversários com resultados expressivos: Brasil 2 x Colombia 0,Brasil 5 x Venezuela 0,

Brasil 3 x Paraguai 1, Brasil 6 x Colombia 2, Brasil 6 x Venezuela 0 e Brasil 1 x Paraguai 0

Foram 06 partidas, 23 gols pró e 3 contra. Uma média de 3,7 gols por partida. Os artilheiros foram Tostão com 10 gols e Pelé com 6.

Foi uma expressiva classificação que ajudou a recuperar o prestígio abalado pela péssima campanha de 66 na Inglaterra, quando fomos eliminados na primeira fase daquela Copa.

Mas mesmo com o sucesso haviam pressões contra Saldanha. O que mais transparece é que o presidente Médici, o presidente-ditador do país naquela época, “pediu” ao técnico que colocassem na Seleção o atacante Dário (Atlético Mineiro) de quem era fã. Saldanha respondeu ao presidente com a clássica frase que lhe custou o cargo : “O presidente cuida dos Ministérios e eu cuido da Seleção.”

Zagalo foi quem o substituiu e obviamente convocou Dário. Táticamente, mecheu no time tirando Edu, atacante e colocando Rivelino, um meia defensivo. Colocou Brito (Botafogo) na zaga e introduziu Clodoaldo (Santos) no meio de campo, recuou Piazza (Cruzeiro) para a zaga, tirando a dupla de zaga santista da seleção. O Brasil jogava no ofensivo esquema 4-2-4, com variações para 4-3-3. E isto Zagalo manteve.

Havia a habitual polêmica da mídia. Os jornais falavam de um suposto corte de Pelé, dos problemas pessoais de jogadores. O mundo dava voltas, as expectativas aumentavam e o mês de maio de 1970 chegava no Brasil com a marchinha tocando nas rádios:

Noventa milhões em ação/prá frente Brasil/Salve a seleção//De repente é aquela/ corrente pra frente/parece que todo o Brasil deu a mão/Todos unidos num só coração...Todos juntos vamos...prá frente Brasil , Brasil....”

A Seleção seguia para o México rumo ao Tri. Nele iam os goleiros Felix (Fluminense). Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras), laterais direitos: Carlos Alberto (Fluminense) e Zé Maria (Portuguesa Desportos), zagueiros: Brito (Flamengo). Wilson Piazza (Cruzeiro) e Baldochi (Palmeiras), laterais esquerdos: Everaldo (Gremio) e Marco Antonio (Fluminense), meio de campo : Fontana (Cruzeiro) , Joel Camargo (Santos). Clodoaldo (Santos). Gerson (São Paulo) e atacantes: Jairzinho (Botafogo). Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos), Edu (Santos). Dário (Atletico Mineiro), Paulo Cesar (Botafogo), Roberto (Botafogo) e Rivelino (Corinthians).

Uma euforia gigantesca se espalhava pelo país, bandeiras enfeitando os postes, as vitrines, flâmulas nos carros e nas portas de casas. A torcida era apenas uma, que o Brasil ganhasse. A Copa de 70 tinha 16 times divididos em quatro grupos. O Brasil estava no Grupo 3 junto com a Inglaterra , a Tchecoslováquia e a Romênia. Na primeira etapa as equipes de um mesmo grupo jogavam entre si, os dois melhores saiam para as Quartas de Finais e em seguida os vencedores iam para as Semifinais e por fim a Final. A Copa de 70 foi a primeira a usar os cartões amarelos e vermelhos, antes a expulsão e advertências eram verbais. Tambem se regulamentou as substituições de três jogadores por partidas, sendo que antes eram apenas para caso de contusão. Curiosamente os goleiros em 70 não usavam joelheiras.

O ícone de 70 era a Taça Jules Rimet, o time que ganhasse a Copa por três vezes a levaria em definitivo. Os times habilitados ao tri eram Brasil, Uruguai, Italia e Alemanha, todas bi campeãs. A midia internacional acreditava e proclamava a supremacia do futebol europeu. Porém esta crença começou a ruir no dia 03 de junho de 1970 quando o Brasil entrou em campo numa tarde ensolarada no estádio Jalisco em Guadalara para enfrentar a Tchecoslováquia.

Era a primeira vez que a Copa era transmitida ao vivo para as Tvs no Brasil. O Brasil literalmente parava, e desta vez não para ouvir, mas sim assistir a partida que teve um início frio. Logo aos 12 minutos a Tchecoslováquia fez um gol, mas a festa era brasileira e com um gol de Rivelino, outro de Pelé e outros dois de Jairzinho, que num deles chega a dar um chapéu no goleiro; o Brasil vence por 4x1 aplaudida pela torcida no estádio e festejada nas ruas do Brasil.

No dia 07 o Brasil enfrentou a Inglaterra num jogo que foi considerado a final antecipada. O Brasil jogou cozinhando a Inglaterra. Mesmo que Bobby Moore nao desgrudasse de Pelé. Por outro lado, o mesmo fazia Clodoaldo com Bobby Charlton, o craque inglês. Pelé aos 29 anos de idade em plena exuberância física e técnica cresceu na partida quando obrigou numa cabeçada ao goleiro inglês Banks fazer o que hoje é considerada uma das grandes defesas da história das Copas. Numa partida muito equilibrada e com as duas equipes criando chances de marcar, foi o Brasil que consquistou a vitória apertada, mas significativa, de 1x0; num gol construído pela maestria de passes de Clodoaldo para Paulo Cesar que passou para Rivelino que colocou para Tostão que lançou a Pelé que fez que ia e deixou rolar para Jairzinho completar no fundo das redes.

Já classificado para as Oitavas o Brasil entrou em campo no dia 10 de junho para enfrentar a Romênia que precisava da vitória para não sair do torneio. Decidido o Brasil em 25 minutos marca dois gols, depois, relaxado se descuida e toma um gol aos 35 minutos. No segundo tempo volta a pressionar a Romênia que se defende recuada e tentando contra ataques com seu rápido atacante Dumitrache. Mas aos 28 minutos o Brasil amplia com um belo gol de Pelé. Zagalo retira o líbero Clodoaldo e coloca Edu em seu lugar. Com o buraco no meio do campo a Romênia começa a atacar mais e no fim da partida consegue marcar mais um. Sendo assim o time que mais marcou gols no Brasil na primeira fase da Copa, mas nem por isto deixou de ser desclassificada. O Brasil saiu de campo vitorioso, 3x2, pensando nas Quartas em que enfrentaria o Peru dirigido pelo brasileiro Didi (craque da copa de 58).

No dia 14 de junho ainda em Guadalajara o Brasil enfrentou o Peru. O Peru era um time veloz e forte fisicamente, as estrelas do time eram o habilidoso meia atacante Cubillas e o técnico Didi. Usando de habilidade e muito toque de bola com Pelée como pivô do time, outrora Tostão, o Brasil rápidamente envolveu a defesa do Peru e em 15 minutos já marcava o segundo gol com Tostão, sendo o primeiro de Rivelino 4 minutos antes. Mas o Peru reagiu e Didi fechou o meio de campo do Peru que como resultado começou a atacar com perigo e fez o seu primeiro gol aos 28 minutos. No segundo tempo o Brasil retoma o seu toque de bola e os belos lançamentos de Gerson começam a surtir efeito. Num deles Tostão escapa da defesa e faz o terceiro do Brasil, aliviando toda a torcida brasileira 3x1 para o Brasil!

Mas Cubillas pouco depois aproveita um descuido da defesa brasileira e marca o segundo do Peru. O Peru começa a acreditar num empate, mas Jairzinho logo faz o quarto gol do Brasil.

E enquanto venciamos o Peru por 4x2, naquela mesma tarde do dia 14, a Itália vencia o México por 4x1, a Alemanha vencia a Inglaterra por 3x2 e o Uruguai vencia a União Soviética por 1x0. Todos os semifinalistas eram bicampeões. O mundo afinal teria um Tri Campeão.

As semifaniais foram divididas entre os continentes. Por um lado o Brasil enfrentaria o Uruguai e a Itália jogaria com a Alemanha.

O Brasil entrou em campo contra o Uruguai sob a sombra da derrota de da final de 50 no Maracanã. Sombra que dava vários temores. E o jogo naquele dia 17 de junho iniciou sombrio, aos 19 minutos Cubilla marcava 1x0 para o Uruguai. E o tempo passava torcida brasileira e o Brasil tentava, tocava para Pelé, Tostão se enfiava na área, Jairzinho chutava, mas a bola não entrava. Sufoco. Os locutores calados mal transmitiam a partida. O temor era muito grande. Onde estava Pelé? Onde estava Gerson? Aos 45 minutos do primeiro tempo Clodoado arranca pela esquerda passa rápido para Rivelino que de imediato coloca novamente para Clodoaldo que chuta forte contra rede. Gol! O Brasil empata na hora certa. Gooooooooooooool! Gritava o locutor. Golaço!!!!

No segundo tempo o Uruguai volta fechado e o Brasil se projeta do meio para o ataque e cozinhando em banho maria com seu fabuloso toque de bola vai abrindo fendas através de toques que passam de lado a lado no campo e que graças a habilade dos craques do time fizeram a maravilha que foi ver o Brasil desempatar aos 21 do segundo tempo com Jairzinho e depois ampliar no finzinho com Rivelino.

As pessoas nas ruas do Brasil festejavam: Brasil na final!!! Brasil na final!!!

Eram buzinas, fogos e muita baderna.

E enquanto o Brasil derrotava o Uruguai a Itália vencia com dificuldades a Alemanha por 4x3 num jogo decidido na prorrogação.

Me lembro como se fosse hoje o dia da final da Copa de 70, a cidade em que eu vivia no Brasil acordara forrada de pequenas bandeiras verde e amarelas penduras em fios sobre as ruas.

As pessoas inquietas e ansiosas pelas ruas saiam para comprar pão, bebida e o que fosse de mais urgente e importante pra que nada faltasse na hora do jogo.

E foi assim que no dia 21 de junho de 1970 no estádio Azteca da Cidade do México que Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gerson, Rivelino, Tostão, Pelé e Jairzinho entraram em campo para fazer História.

Estava tudo dizendo que o Brasil ia ganhar, o dia lindo, o clima, o sorriso das pessoas, a esperança que cobria todo o centímetro quadrado daquele estádio e do país que tanto torcia por aquele time. E foi Pelé que nos deu a graça aos 18 minutos marcando o primeiro gol de Brasil desferindo uma cabecada no canto esquerdo do goleiro italiano.

A Itália, bem que tentou reagir e empatou numa falha conjunta de Félix e Brito.

Mas como sempre voltando com o empate no segundo tempo o Brasil soube fazer o que melhor sabia fazer e que encantava a torcida e os amantes de futebol, dominar a partida no toque de bola , dar show sem exibicionismo. A arte que fez e faz o nosso futebol.

Gerson aos 25 minutos do segundo tempo descobre a trilha, e num magistral lance indivual dribla e arma a bola para direita desferindo um belo chute a meia altura de fora da área, a bola entro no ângulo esquerdo do goleiro. Gerson sai correndo para o banco e abre os braços. Pura emoção. Brasil 2x1. Cinco minutos depois Jairzinho tranquiliza mais ainda a torcida brasileira. Apertado dentro da pequena área marca o nosso terceiro gol.

A Italia começava a dar sinais de abatimento. O movimento em volta do campo intensifica. Aos 41 minutos do 2º. Tempo Carlos Alberto carimba o nosso titulo com um chute rasteiro e forte do lado direito da área grande depois de uma belíssima deixada de Pelé. Outro golaço. Já se ve jornalistas indo abraçar os jogadores. A festa estava para começar.

Apita o árbrito. Fim da partida, fecham-se as cortinas, termina o espetáculo. Brasil 4. Itália 1. O Brasil e Tri Campeão do Mundo. A Copa do Mundo é nossa!!!

Carlos Alberto recebe o troféu, o beija e o ergue segurando-o com as duas mãos sobre sua cabeça. O povo delira.

A Copa de 70 deu ao futebol brasileiro a maturidade necessária para se dizer o melhor do mundo, para dar aos seus craques a condição real da sua t ecnica e habilidade. Deu a quem tem a oportunidade de acompanha-la como eu nos meus 10 anos de idade, um prazer inenarrável, difícilimo de colocar em palavras. Pelo menos tentei.

Wednesday, February 13, 2008

TROCANDO OS PÉS PELAS MÃOS

Foi num fim de janeiro, há oito anos, que me mudei para os Estados Unidos. Lembro-me que durante um Super Bowl, a grande final do campeonato de futebol americano. Naquele fim de semana, me vi sentando diante da tela de TV na casa de um amigo americano empolgado que me convidava a assistir a partida pela qual mantive interesse por apenas 15 minutos, pois de futebol americano nada entendia e queria saber. Normalmente, brasileiro da minha geração, que se muda adulto para os Estados Unidos tem certa resistência em apreciar o futebol americano. Como gostar de um esporte que consiste em um bando de pessoas se atirarando como loucas sobre outra que tenta escapar com a bola debaixo do braço?

Porém, diante de circunstâncias e por curiosidade acabei me interessando pelo esporte e nos últimos anos decidi me educar a seu respeito. Elegi o Miami Dolphins como o meu time por ser a equipe local e ter glórias como a de ter tido um dos maiores jogadores do futebol americano, o Dan Marino.
Aprendi que o futebol americano tem semelhanças ao de nossa terra. Tem emoção, poesia, lances de genialidade e a capacidade de ser imprevisível, de alcançar resultados num momento único de técnica, garra e superação.
No domingo de 03 de fevereiro me vi empolgado, como o amigo americano de oito anos atrás , sentar-me diante da Tv para assistir o Super Bowl.
A partida entre o Giants e o Patriots tinha importância para os torcedores do Dolphins pois se o Patriots vencessem iriam alcançar o record que o Dolphins mantém de ser a única equipe campeã invicta do Super Bowl desde1972.
A obrigação era torcer para o Giants que era o grande azarão.

O Patriots, favorito, vinha de 18 vitórias consecutivas. O Giants chegava à final capenga.
A partida foi bem disputada desde o início. Mesmo com um touchdown (gol) dos Patriots nos primeiros minutos, podia se ver que o Giants tinha muita garra e foi este o fator que levou a partida indefinida até os minutos finais.
A decisão se deu num momento em que o Giants perdiam por pouco e podiam ganhar se fizessem um touchdown.
Num desses momentos que engrandecem os esportes e criam heróis; momento de delírio para a torcida do Giants que se deu quando seu quarterback (meia atacante) Eli Manning conseguiu escapar de um ataque massivo dos defensores do Patriots que o cercavam e agarravam-lhe a camisa, e aprumando o seu corpo desequilibrado fez um arremesso perfeito da bola que atravessou 2/3 do campo e caiu nas mãos do atacante David Tyree, que saltou um metro e meio do chão para pegá-la acossado por um defensor do Patriots que tentou em vão tirar a bola dele que ao cair no solo segurando-a prenunciava a grande virada que o Giants aplicou no Patriots.
Com um belíssimo touchdown quatro lances depois deste passe decisivo; e isto com outro passe magnífico de Manning fazendo a bola descrever uma hipérbole subindo até um ponto alto e caindo devagar, e isto a 34 segundos do final da partida.
Foi um jogo de grande emoção e como amante do esporte bretão, o aqui chamado soccer, tiro o chapéu para o futebol americano e o recomendo para quem torce o nariz para o esporte.

PS: Fotos do NYDaily News e Arizona Central News

Tuesday, September 4, 2007

ONDE FICA A ROMÊNIA?


Diz a lenda que na manhã do dia 10 de junho de 1970, um jogador da seleção brasileira ao encontrar o técnico Zagalo no saguão do elevador, perguntou:

- Contra quem nós vamos jogar hoje?

- Contra a Romênia!! Exclamou o técnico perplexo.

- Romênia?! Onde fica a Romênia? Insistiu o jogador.

Zagalo ficou calado encarando o jogador. Pelé que passava por trás deu uma risada e dando um tapa nas costas do companheiro de partidas disse:

- Romênia não sei bem onde fica, mas hoje a tarde vai ficar na tristeza depois de jogar contra a gente.

E se foi gargalhando para o refeitório do hotel onde estavam hospedados em Guadalajara, México.

Naquele dia o Brasil estava tranquilo e tranquila estava toda a equipe. Depois de duas vitórias a classificação para a fase final já era certa. Mas todos queriam a vitória, pois o time sabia que isto não abalaria a confiança que estavam adquirindo e no mais sempre era bom entrar na próxima fase como primeiro classificado do que segundo. Assim, teóricamente, já entraria em campo contra um time que já havia sofrido derrota e que estava de certa forma mais abalado.

Esta era a filosofia corrente nas bancas de jornais onde as pessoas se ajuntavam para ler e ver as primeiras pãginas dos jornais e ainda passarem alguns minutos discutindo a sorte da seleção na Copa.

Muitos pediam Edu no time, sonhavam em ver um time com dois Jairzinhos”, um pela equerda e outro pela direita. Outros pediam Paulo César no lugar de Rivelino uma vez que tinha mais toque de bola e mais sutileza e poderia dar ao time mais qualidade neste aspecto. Outros ainda pediam Leão no lugar de Felix, ou ainda Ado o goleiro do Corinthians.

Eram muitas as diferentes opiniões , mas quando a Tv sintonizava e o locutor anunciava:

- Ao vivo e a cores diretamente de Guadalajara, México.

As polêmicas cesavam e nas próximas duas horas, praticamente, todos no Brasil viveriam a expectativa, a glória e a emoção da exibição do jogo do Brasil contra a Romênia.

Tudo era euforia. Balões pintados de verde e amarelo, faichas nas ruas e rojões estourando no céu. Começava a partida.

- Apita o árbrito. Abrem-se as cortinas, começa o espetáculo!!! Lá vai o Brasil com a bola!!! Paulo César é a novidade. O técnico novamente poupou Gerson.

O Brasil começa a partida pressionando a Romênia. Em 25 minutos marca dois gols.

O primeiro numa falta cobrada a dois passos da meia lua da grande área. Pelé tinha sido derrubado por dois jogadores que o marcaram ao mesmo tempo, ele ainda se livrou com a bola mas o juiz apitou a falta. Tostão ajeitou a bola. Pelé que estava atrás deu um pequeno pulo como que ajeitando o passo em direção a bola. Olhou para o goleiro, correu e chutou a direita do arqueiro. A bola resvala na chuteira de um zagueiro romeno mas não desvia a bola de sua rota que entra no canto direito do goleiro que salta em direção a bola com a mão espalmada, mas não a alcança.

- Gol!! Gol!!! Golaço!!! Golaço!!! Pelé!!! Ele, ele!!!! O homem da camisa 10, Pelé, torcida brasileira. Brasil 1 , Romênia 0!!!!

Minutos depois Paulo César tabela com Rivelino e em bela jogada penetra pelo lado esquerdo da grande área da Romênia. Ele passa por um marcador e cruza rasteiro. Jairzinho penetrando na pequena área praticamente toca na bola que estoura na rede do goleiro Adamache.

- Goooooooooooooolllllll!!!!! Jairzinho! Jairzinho!!! O Furação, o peito de aço!!!! Jairzinho!! Jairzinho!!!! Brasil 2 x Romênai 0!!!!!

O Brasil continuava no ataque e envolvia o meio de campo romeno com seu toque de bola. Porém numa jogada linda a Romênia faz seu primeiro gol. Aos 35 minutos, com perfeito domínio da bola Lupescu lança a bola para Dumitrache que no centro da grande área e de costas para o gol brasileiro domina a bola com categoria e a vira para a esquerda, dribla o zagueiro Brito e escapando da marcação de outros dois defensores chuta quase que caindo e na cara do goleiro Félix que nada pode fazer senão ir depois do chute pegar a bola no fundo da rede.

- Gol!! Da Romênia!! Que que é isso minha gente?!! No placar, Brasil 2, agora, Romênia 1!

Para o segundo tempo a Romênia faz alteração substituindo seu goleiro. Havia falhado em algum dos gols? Teria se machucado?

A partida começa e o Brasil procura fazer um gol. Chances são disperdissadas. A torcida feliz com o placar favorável mas vendo o relógio mostrar que ainda havia muito jogo pela frente pede mais gols.

Aos 25 minutos Jairzinho pela direita cruza alto para a pequena área. Tostão mesmo com a pola passando por suas costas, num toque de classe, toca a bola para o alto. A bola sobe e caminha para o peito de Pelé que no outro extremo da pequena área conclui com categoria para o gol.

- Golaço!!! Golaçõ!!! Toque de gênio, gol de craque!!!! Brasil!!! Ele!! Ele!!! Pelé!!Pelé!!!! Brasil 3, Romênia 1!

Com a vantagem Zagalo retira Clodoaldo e coloca Edu no ataque recuando Paulo César. A marcação do meio de campo fica mais fraca e com isto sobrecarrega para Piazza que começava a abandonar a área para cobrir mais o meio de campo.

Explorando esta falha, num ataque pela direita a Romênia cruza a bola na área.

Três jogadores romenos estão na pequena área. Brito, sozinho entre estes atacantes e ainda afastado deles, deixa Félix entregue a sua sorte. O goleiro salta do centro do gol em direção a bola. Mas Adamache sem sair do chão cabeceia para o canto direito do gol. Os romenos correm, se abraçam e voltam correndo para o meio de campo. Começam a acreditar na possibilidade de um empate que os favoreceria.

Mas foi como Pelé disse. A Romênia ficou na tristeza quando o juiz apitou o fim da partida, e ainda, com dois gols do Rei, daquele que nesta copa assinaria um dos capitulos mais lindos de todas as Copas.

FICHA TÉCNICA:

Brasil 3 x Romênia 2
Data:10.junho.1970
Local:Estadio Jalisco em Guadalajara
Juiz:Ferdinand Marshall(Austria)
Gols:Pelé. Jairzinho. Dumitrache no primeiro tempo.
Pelé. Dembrowski no segundo tempo
BRASIL:Felix. Carlos Alberto. Brito. Wilson Piazza e Everaldo (Marco Antonio). Clodoaldo (Edu). Paulo Cesar. Jairzinho. Tostão. Pelé e Rivelino.
ROMENIA:Adamache (Raducanu). Satmareanu. Lupescu. Dinu. Mocanu. Dumitru. Nunweiler. Dembrowski. Neagu. Dumitrache (Tataru) e Lucescu.

Monday, August 13, 2007

NA TARDE QUENTE A FRIEZA CALCULADA DOS GÊNIOS


O dia era 07/07/70. Tarde quente na cidade mexicana de Guadalajara. No Brasil a expectativa da partida do Brasil contra a Inglaterra era grande e apesar da boa estréia todos temiam o Leão Inglês campeão da Copa de 66 chegara ao México como favorita.

A Inglaterra vinha de uma vitória pequena contra a Romênia, 1x0, mas sabia-se que o time inglês não era um time goleador. Pelo contrário tinha na defesa sua melhor arma. O goleiro Banks, o líbero Bobby Moore e o meia atacante Bobby Charlton eram os craques do time.

O Brasil entrou em campo sem Gerson. Zagalo em seu lugar colocou Rivelino e na ponta esquerda onde muitos queriam Edu o técnico escalou Paulo Cesar. A Inglaterra todo de branco entrava em campo com o esquadrão completo. Na TV o Brasil ocupava o lado esquerdo do campo.

Cautela era o que se via nos primeiros minutos. Pelé seguro, aos 29 anos de idade pegava na bola e Bobby Moore o cercava juntamente com Cooper e Mullery. Três marcavam Pelé por zona. Meio de campo truncado o Brasil penava em achar espaços para tocar a bola. O Brasil se ressentia da mobilidade de Gerson. Clodoaldo e Rivelino não se articulavam bem.

- Que sufoco torcida brasileria. 10 Minutos do primeiro tempo. 0 a 0 e nada parece que vai mudar!!! A Inglaterra fecha o meio de campo, sufoca o nosso Brasil!!!

Pela direita Peters cruza para dentro da pequena área. A bola desvia no ar e quase engana o goleiro Felix passando à um metro da trave direita. A torcida inglêsa urra e a o Brasil inteiro se aquieta.

Minutos depois novamente Peters pela direita fora da área dá um chute violento mas o goleiro Felix agarra tranquilo.

- Felix! Felix! Agarra o goleiro!! Tranquilidade na defesa brasileira.

Aos 30 minutos o Brasil acorda e Jairzinho fura a marcação chega na linha de fundo e cruza a bola sobre a área pequena. Na extremidade esquerda da pequena área Pelé ergue-se no ar e cabeceia a bola para o chão. Banks num salto rápido e direto ao chão toca na bola que picana na linha de gol. A bola sobe e vai para fora. Pelé põe a mão na cabeça. A defesa inglesa passa a mão na cabeça de Banks. Gerson e Tostão se olham sem expressão.

- Que que é isso torcida brasileira. Quase, quase o Brasil chega lá!! Banks salva a Inglaterra!!! Que defesa!!

Até hoje a defesa de Banks é considerada uma das 10 melhores de todas as Copas.

O Brasil cresce na partida mas a Inglaterra responde. Cruzamento da direita e Lee acerta um chute, Felix faz grande defesa no meio do gol mas solta a bola e agarra novamente quando cai no chão. Lee corre em sua direção e acerta a chuteira nos braços do goleiro. A partida é interrompida. Carlos Alberto e Brito cercam Lee. Felix estendido no chão é atentido pelo massagista.

- Foi de propósito! O Félix já tinha agarrado a bola. O Lee chutou o Félix! Será que o juiz não viu?!!! Ahhhhh!! Ai esta senhoras e senhores, Cartãaaaaaaaaao Amarelo!!! Cartão amarelo para Lee!!!! O primeiro cartão da partida!!!

Minutos depois Lee domina a bola na intermediária e Carlos Alberto lhe aplica um calço lhe derrubando. Os ingleses avançam sobre Carlos Alberto. O juiz conversa com Carlos Alberto mas não mostra o cartão. Pelé fala com a defesa brasileira e pede calma.

- Termina o primeiro tempo!! Que coisa ficamos no 0x0 torcida brasileira. O Brasil vai voltar e nós vamos ganhar!!!

A Inglaterra está em campo, os jogadores sentados no chão e se perguntam onde está o Brasil? Com cinco minutos de atraso o time entra em campo.

Decidido o Brasil começa a buscar o ataque e começa a dominar o meio de campo com Paulo Cesar jogando mais recuado.

O resultado da mudança vem rápido aos 14 minutos do segundo tempo. Clodoaldo domina a bola no meio de campo e rola para Rivelino. Rivelino dá um toque na bola que chega até Paulo Cesar que avança pela intermediaria esquerda. Tostão se aproxima e recebe, devolve para Paulo Cesar que devolve para Tostão. Tostão retem a bola e respira fundo. Lance genial começa a se descrever. Tostão ginga para a esquerda e leva a bola, de costas para o gol, para o bico da área grande, passa o pé sobre a bola e neste movimento passa por três marcadores ingleses. Domina a bola e girando o corpo cruza a bola sobre a área que cai milimétricamente, exatamente nos pés de Pelé. Pele olha para o goleiro mas passa a bola sem olhar, para a direita. A bola desliza sofisticamente pelo gramado e vai de encontro ao bico de chuteira afoito e atormentado de Jairzinho. A bola explode no fundo da rede do gol defendido por Banks. O estádio explode em alegria. Golaço!! Golaço!!!

-GOOOOOOOOOOOOOOOL!!! GOLAÇO!!!!!!!!!GOLAÇO!!!! JAIRZINHO!!!PASSE MAGISTRAL DE TOSTÃO, PASSE MAGISTRAL DE PELÉ…JAIRZINHO!! JAIRZINHO!!! BRASIL UM, INGLATERRA ZERO!!!

Jairzinho corre em direção a torcida Pelé e Tostão correm para alcança-lo.

Depois do gol Zagalo tira Tostão e coloca o centro avante Roberto. Brasil e Inglaterra continuam a jogar táticamente. A Inglaterra impregna uma pressão o Brasil rechaça e realiza jogadas de contra ataque. Joga-se um futebol de alto nível. O Brasil não se acomoda e a Inglaterra não se entrega.

Mas...

- O tempo paaaaassa torcida brasileira!!! Estamos nos últimos minutos desta tarde ensolarada em que o Brasil vem ganhando de 1x0 da Inglaterra. Acabou!!!! Apita o árbitro. Encerra-se o espetáculo!!! Fecham-se as cortinas!!! O Brasil ganhou!!!Estamos a um passo das Oitavas de Final!!!

Pelé e Bobby Moore se abraçam e trocam camisas. Zagalo na beira do gramado sorri ao se lembrar do triplo 7 do dia em que estava vivendo sua segunda vitória rumo ao Tri.

Gerson meio que desconsolado sentando no banco sonha em voltar a jogar. Agora com a classificação praticamente garantida jogariam mais tranquilos contra a Romênia

FICHA TÉCNICA:

Brasil 1 x 0 Inglaterra
Local: Estádio Jalisco (Guadalajara, México)
Árbitro: Abraham Klein (Israel)
Gol: Jairzinho 14 do 2º tempo.
BRASIL: Félix; Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo; Clodoaldo, Rivelino, Paulo César; Jairzinho, Tostão (Roberto), Pelé.
INGLATERRA: Banks; Wright, Moore, Labone, Cooper; Mullery, Bobby Charlton (Bell), Ball, Peters; Lee (Astle), Hurst.

Wednesday, August 8, 2007

“Ao vivo e à cores para todo o Brasil.”

BRASIL X TCHECOSLOVÁQUIA

Dia 03 de junho de 1970. Cidade de Guadalajara, México. O time de camisetas amarelas, shorts azuis e meias brancas está espalhado pelo lado esquerdo do campo; o time vestido de branco está pela direita. O silêncio paira sobre o enorme estádio de Jalisco, se extende sobre as montanhas mexicanas, passa pela América Central e se expande por todo o Brasil.

Brasil! Brasil! Brasil! Aquietam-se os batuques. Diante das pequenas telas de Tvs colorida milhares em casas, nas ruas e em botecos assistem o árbitro apitar.

"Abrem-se as cortinas! Começa o espetáculo! Tostão passa para Ele, Ele vira o corpo protege a bola e toca de primeira para Clodoaldo. Desliza a pelota sobre o manto verde do Estádio de Jalisco em Guadalajara."

Começava o sonho brasileiro. A marcha para o Tri, para a conquista em definitivo da taça Jules Rimet.

Os tchecos fazem faltas.

- "Falta!!! Que é que é isso minha gente!!! Querem tirar Ele do campo!!!"

Rivelino recebe de Gerson e cai pela extrema esquerda, rápido chega à linha de fundo, vira seu corpo e cruza rasteiro. A bola passa à meio metro de Tostão dentro da área pequena. Pelé, mais à direita, tenta um carrinho e a bola bate na ponta de seu pé e sobe para fora.

- "Prá fora! Prá fora! Prá fora!! "

- "Que que é isso minha gente!! Quase, quase o Brasil chega lá!"

Aos 12 minutos a Tchecoslováquia aproveita uma falha da zaga brasileira e numa jogada veloz, Petras invade a área pelo lado esquerdo vence Brito na corrida e chuta forte à meia altura ao lado direito do goleiro Felix. O primeiro gol da partida é da Tchecoslováquia.

- "Que é que é isso minha gente!!! Gol! Gol! Gol da Tchecoslováquia!! Gol de Petras!!!Petras!!!"

Os jogadores da Tchecoslováquia se ajoelham na beira do gramado, Petras faz o sinal da cruz, os jogadores se beijam no rosto. O goleiro Felix grita com Brito enquanto pega a bola no fundo da rede. Brito não escuta e Gerson gesticula pedindo calma.
Passaram-se 12 minutos. O Brasil está no ataque. Pelé domina a bola pela direita e avança em direção à meia lua da área adversária, tenta driblar e é derrubado. Falta!

- "Falta!! Falta na intermediária!! Vai Brasi, empata esta partidal!!! Falta nEle, querem tirar Ele de campo prezado telespectador!!!!"

Pelé ajeita a bola e toma distância. A falta é de frente pro gol e o goleiro ordena a barreira com oito jogadores. Pelé se afasta e se prepara para chutar e o juiz autoriza a cobrança. Ele dá um passo prá frente mas é Rivelino à sua direita que corre em direção a bola e desfere um chute violento. A bomba se instala à baixa altura no lado direito do gol, o goleiro Viktor salta mas não consegue defender.

- "GOL!!!!GOL!!!GOLAÇO!!!GOLAÇO!!! O BRASIL EMPATA!! RIVELINO, RIVELINO, A PATADA ATÔMICA, O MENINO DO PARQUE!!!! GOLAÇO!!! GOLAÇO!!!"

Já no segundo tempo o Brasil começa a desenhar a goleada. Aos 15 minutos Jairzinho pela direita faz lançamento perfeito para Pelé dentro da grande área. Ele salta, mata a bola no peito e gira o corpo se livrando do marcador. Deixa a bola picar uma vez no gramado e desfere chute certeiro no canto esquerdo do gol enquanto o goleiro Viktor vinha em sua direção.

- "GOLAÇO!!! GOLAÇO!! Pelé!Pelé!Pelé!!! GOLAÇO!!!GOLAÇO!!!"

Pelé corre em direção à arquibancada e salta dando um soco no ar.
Empolgado, três minutos depois, o Brasil faz mais um gol. Desta vez uma obra prima e um dos gols mais bonitos de todas as Copas do Mundo. Do meio campo Gerson faz um lançamento longo e alto da bola; Jairzinho corre em sua direção, vence dois marcadores e amortiza-a em seu peito deixando-a picar no chão. O goleiro está à dois passos dele, Jairzinho dá um toque sutil na bola e aplica um chapéu no goleiro; estica seu corpo no ar e chuta a bola para dentro do gol vazio. 3X1. O locutor perde a voz e afônico grita:

-"Olha lá! Olha lá, no placar!! Brasil!! Brasil!!!Golaço!! Golaço!!!Jairrrrrrrrrrrrrrzinho!!!!"

No final da partida, aos 38 minutos, o Brasil ainda amplia o marcador com outro belo gol. Novamente Jairzinho em velocidade segue pela direita sobre dois marcadores , balança o corpo faz que vai pra direita e volta pra esquerda; a marcação se abre, ele volta para a direita e de fora da área desfere um chute forte e rasteiro sem chances de defesa. 4x1. Desta vez Jairzinho se ajoelha e faz o sinal da cruz. Tostão e Pelé o abraçam.

Foi um belo espetáculo e um excelente começo de Copa para um time que entrou em campo debaixo de suspeitas de fracasso. O Brasil sai de campo aliviado, Zagalo sorri , os jogadores sorriem, mas todos estão atentos para o viria a seguir; a poderosa Inglaterra, a então detentora do título de campeã do mundo. (Continua no próximo post)

PS: Ficha Técnica da partida.

Brasil x Tchecoslováquia

Juiz: Ramom Barreto(Uruguai)
BRASIL: Felix. Carlos Alberto. Brito. Wilson Piazza e Everaldo. Clodoaldo e Gerson (Paulo Cesar), Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino.
TCHECOSLOVÁQUIA: Viktor. Dobias. Horvath. Migas. Hagara. Kuna. Hardlicka (Kvasnak). Fratisek Vesely (Bohumil Vesely). Petras. Adamec e Jokl.

Monday, July 30, 2007

SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1970 – A MELHOR SELEÇÃO QUE O MUNDO JÁ VIU JOGAR–PARTE 01


Hoje, após 37 anos da conquista do Tricampeonato da Copa do Mundo, da detenção definitiva da Taça Jules Rimet, pela seleção do Brasil; é emocionante lembrar de todas as partidas que o Brasil teve naquela competição. Lembrar dos lindos gols que foram feitos na sua grande maioria com maestria e arte pelos maiores e maior numero de craques que o mundo já teve reunidos numa só seleção, representando apenas um país, o sorridente e abençoado Brasil.

Naquele ano, 1970 a Tv colorida era a grande novidade nas casas de classe média no Brasil. Tudo estava facilitado nas lojas pra que se vendessem as Tvs e pudesse se ver o amarelo da camisa do escrete canarinho na tela colorida. Era o homem na Lua e Pelé na Terra. Pelé e mais dez seria uma idéia errada deste escrete. Um escrete que nasceu da mistura de jogadores de duas equipes em grande momento naquela época. O Santos e o Botafogo do Rio de Janeiro. O técnico era o João Saldanha. O time titular que Saldanha montara era Felix (Fluminense) ,Carlos Alberto (Santos), Djalma Dias (Santos), Joel (Santos) Rildo (Botafogo), Wilson Piazza (Cruzeiro), Gerson (Botafogo), Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos).

Todo mundo conhecia este time como as Feras do Saldanha. Era um arraso. Nas eliminatórias passeávamos, com resultados expressivos.

Brasil 2 x Colombia 0,

Brasil 5 x Venezuela 0
Brasil 3 x Paraguai 1

Brasil 6 x Colombia 2
Brasil 6 x Venezuela 0
Brasil 1 x Paraguai 0

Em seis partidas a seleção do Brasil marcara 23 e sofrera 3 gols, alcançando uma media de 3,7 gols por partida, dando mostras da excelëncia da equipe. O artilheiro nesta fase foi Tostão com 10 gols, seguido por Pelé com 6 , Jairzinho com 3, e Edu com 2 e Rivelino (Corinthians) com 1. O gol restante foi contra.

Esta sensacional classificação foi importante para recuperar o prestígio e a confiança no time brasileiro que vinha de uma péssima campanha na Copa de 1966 na Inglaterra, onde foi eliminada na primeira fase do torneio.

Mas mesmo com tanto sucesso e vitórias, as pressões contra João Saldanha eram grandes. O fato que mais transparece como o correto para a sua demissão é que o presidente Médici, que na verdade exercicia o cargo de ditador do país, naquela época, pediu ao técnico que convocase o atacante Dario (Atlético Mineiro) que ele tanto estimava.

Mas Saldanha disse a clássica frase que lhe custou o cargo : “O presidente cuida do ministério e eu cuido da seleção.

Trocou-se o Saldanha pelo Zagalo, naquela época jovem e menos falante do que como nas Copa de 94 e 98. Zagalo convocou o Dario e fez alterações na equipe base que Saldanha montara mas que não mudou a sua substância. A mudança mais importante no ponto de vista tático foi tirar Edu, um ponta esquerda ofensivo e driblador por Rivelino, um meia esquerda ofensivo que sabia fechar o meio de campo quando precisava e era um excelente cobrador de faltas.

Promoveu Brito para ser titular na zaga e para introduzir o jovem talentoso Clodoaldo no meio de campo, recuou Piazza para fazer a dupla de zaga, tirando assim em definitivo a dupla de zaga santista da seleção.

A seleção jogava dentro do esquema 4-2-4 (impressionamente para os dias de hoje), com pequenas variações decorrentes durante a partida para 4-3-3. E isto ficou mantido.

Houve muita polêmica nesta época. Os jornais falavam de um suposto corte de Pelé. Que Pelé não poderia jogar porque estava míope. Outros falavam em problemas pessoais de Edu e Jairzinho. O mundo dava voltas, as expectativas aumentavam e o mês de maio de 1970 chegava no Brasil com marchinhas futebolísticas tocando nas rádios:

Noventa milhões em ação/prá frente Brasil/Salve a seleção//De repente é aquela/ corrente pra frente/parece que todo o Brasil deu a mão/Todos unidos num só coração...Todos juntos vamos...prá frente Brasil , Brasil....”


E a seleção embarcou num avião branco e imenso para o México. Eram os goleiros Felix (Fluminense). Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras), laterais direitos: Carlos Alberto (Fluminense) e Zé Maria (Portuguesa Desportos), zagueiros: Brito (Flamengo). Wilson Piazza (Cruzeiro) e Baldochi (Palmeiras), laterais esquerdos: Everaldo (Gremio) e Marco Antonio (Fluminense), meio de campo : Fontana (Cruzeiro) , Joel Camargo (Santos). Clodoaldo (Santos). Gerson (São Paulo) e atacantes: Jairzinho (Botafogo). Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos), Edu (Santos). Dario (Atletico Mineiro), Paulo Cesar (Botafogo), Roberto (Botafogo) e Rivelino (Corinthians).


Acenavam os jogadores a torcida que urrava e as faixas enquanto as bandeiras se agitavam. Havia uma euforia gigantesca no ar que se espalhava por todo o país. Nas ruas haviam muitas bandeiras do Brasil enfeitando as vitrines das lojas. As flâmulas da seleção nos carros, nas portas de casas, todos estavam de fato ligados numa só emoção. Era um fato. Parece que todos sabiam que com aquele time o Brasil iria ganhar.

A Copa do Mundo seria nossa.


PS. "Este post continua na próxima semana."


Monday, July 23, 2007

DAVID BECKHAM - A Anatomia Pífea de Um Astro ou A Anatomia de um Astro Pífeo.


O celebrado jogador David Beckham acabou de fazer neste ultimo dia 21 de julho (sábado) sua estréia na Liga de Futebol dos Estados Unidos a MLS (Major League of Soccer) pelo Galaxy de Los Angeles, Califórnia.

O imenso aparato publicitário montando em torno deste evento chega a assombrar o amante do esporte bretão.

O que paira sobre as cabeças são várias perguntas, uma delas é se Beckher joga toda esta bola pra tanta festa em torno da sua figura.

Se de fato ele é o semideus como está sendo tratado e bajulado pela mídia local.

O fato é que o sucesso comercial “Beckham” nada tem a ver com sua performance como jogador de futebol. É curioso notar este fato, porem é de dificil compreensão.

Foi surpreendente ver uma emissora com o gabarito da ESPN entrar neste esquema totalmente alienado para transmitir a partida amistosa entre o Chelsea da Inglaterra e o Galaxy na qual Beckham estrearia.

Já que o jogador contundido passou maior parte do jogo sentando no banco de reservas, a emissora partiu para uma cobertura social do evento. Na tela da Tv você assistia dois, três e até quatro quadros de imagem. Em um quadro voce via a imagem do governador da Califórnia com sua esposa, a esposa de Beckham e celebridades do cinema tomando champanhe e dando suas impressões sobre Beckham, na outra flashes da torcida, na outra imagens do jogo (ah estava tendo um jogo!) e na outra a camara exclusiva em Beckham, isto mesmo, uma camara mostrando o Beckham sentando no banco, suas reações, suas expressões por todo o tempo. Bem, não é fácil ser estrela.

Cena beirando ao patético.

A bola vai para fora e em direção a Beckham sentado no banco. Ele se levanta e chuta a bola, a retornando ao campo. A imagem se torna unica na tela. O locator esbraveja: - Beckham tocou na bola pela primeira vez como jogador do Galaxy.

Repetem a cena repetidamente e em camara lenta.

Acho que alguem na emissora estava pra lá, bem pra lá de Marrakesh.

Quando ele entrou em campo estenderam um tapete vermelho.

Mas afinal, quem é Beckham? Um craque? Um gênio da raça? Um fenômeno?

Dá para comparar a importância de Beckham ao futebol a craques como Pelé e Maradona? De forma alguma. Nem de longe teve a majestade destes craques.

Daria para se comparar seu futebol a jogadores como Zico, Beckenbauer, Ronaldo e Rivaldo, por exemplo? Nem pela qualidade de seu futebol, nem pelas conquistas que alcançou no esporte.

Beckham foi o garoto prodígio do futebol inglês, brilhou e conquistou titulos pelo Manchester United quando iniciou a jogar em 1991. Como meia direita atacante, se tornou célebre por seus passes de longa distância e cobranças de faltas. Ganhou titulos nacionais e internacionais com seu clube. Transiferido em 2003 para o Real Madri de onde saiu este ano participando de duas importantes conquistas do clube espanhol.

Beckham surgiu numa época em que a Inglaterra ressentia, como ressente ainda, em voltar a ser uma potência mundial no futebol. De ter um craque como Bobby Chalton, o herói da conquista da Copa de 1966.

Mas o fato é que ele não conquistou nada de expressivo com a seleção inglêsa e ainda mais, durante a Copa de 1998 em que os holofotes estavam todos voltados a sua pessoa como o melhor jogador do mundo, na partida decisiva e eliminatória contra a Argentina ele teve péssima atuação e ainda foi expulso por uma atitude infantil de revide a uma provocação verbal de um jogador argentino, quando a partida estava empatada e sendo dominada pela Inglaterra.

Na Copa de 2002 resgatando sua imagem com a mídia e lançamento de um filme com seu nome, jogou contra o Brasil talvez a melhor partida da Inglaterra nas últimas copas. Mas perderam para a categoria do Brasil com Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo, e foram desclassificados.

Não se pode dizer que Beckham seja um péssimo jogador. Nem de longe é isto. É um bom jogador. Habilidoso e que sabe dar um bom trato na bola. Mas não é o melhor dos melhores. Não é craque. Porém teve a sorte de brilhar aos olhos do mundo através da publicidade, com seu jeito de manequim, da esposa estrela da musica pop (ex-Spice Girls).

Dentro deste lixo consumista onde a imprensa noticia com mais destaque suas tatuagens e seus cortes de cabelos do que seus gols. Que gols? Ainda mantenho acessa a esperança, mesmo que vã, de que o futebol masculino brilhe e se firme nas terras do tio Sam.

Sonhar com que Beckham seja como um Zico no Japão seria uma temeridade.

Cabe notar que aqui já tivemos o Cosmos dos anos 70 com Pelé e Beckenbauer. A primeira tentativa de se trazer o futebol prá este lado do planeta. Ainda, nos anos 90 outros clubes da pequena MLS trouxeram o italiano Donadoni (Red Bulls), o alemão Lothar Matthaus e o frances Djorkaeff (Metro Stars). Não deram um bom resultado.

E não esqueçamos também do Valderama no Miami Fusion na década passada.

Acho que o caminho das pedras para o futebol nos Estados Unidos está no crescimento do segmento hispânico em sua população.

A cada ano que passa mais e mais se joga futebol nas escolas básicas dos Estados Unidos.

A cada ano que passa mais campos de futebol estão sendo construidos.

Acabou-se de se criar a Liga Intermediária da MLS , um tipo de segunda divisão. E assim, aos poucos, se jogando ali, se jogando aqui. O esporte sem duvida vai crescer no país como um fato cultural.

Mas não graças a um evento de mídia.

O evento, o vento levou.