Wednesday, February 13, 2008

TROCANDO OS PÉS PELAS MÃOS

Foi num fim de janeiro, há oito anos, que me mudei para os Estados Unidos. Lembro-me que durante um Super Bowl, a grande final do campeonato de futebol americano. Naquele fim de semana, me vi sentando diante da tela de TV na casa de um amigo americano empolgado que me convidava a assistir a partida pela qual mantive interesse por apenas 15 minutos, pois de futebol americano nada entendia e queria saber. Normalmente, brasileiro da minha geração, que se muda adulto para os Estados Unidos tem certa resistência em apreciar o futebol americano. Como gostar de um esporte que consiste em um bando de pessoas se atirarando como loucas sobre outra que tenta escapar com a bola debaixo do braço?

Porém, diante de circunstâncias e por curiosidade acabei me interessando pelo esporte e nos últimos anos decidi me educar a seu respeito. Elegi o Miami Dolphins como o meu time por ser a equipe local e ter glórias como a de ter tido um dos maiores jogadores do futebol americano, o Dan Marino.
Aprendi que o futebol americano tem semelhanças ao de nossa terra. Tem emoção, poesia, lances de genialidade e a capacidade de ser imprevisível, de alcançar resultados num momento único de técnica, garra e superação.
No domingo de 03 de fevereiro me vi empolgado, como o amigo americano de oito anos atrás , sentar-me diante da Tv para assistir o Super Bowl.
A partida entre o Giants e o Patriots tinha importância para os torcedores do Dolphins pois se o Patriots vencessem iriam alcançar o record que o Dolphins mantém de ser a única equipe campeã invicta do Super Bowl desde1972.
A obrigação era torcer para o Giants que era o grande azarão.

O Patriots, favorito, vinha de 18 vitórias consecutivas. O Giants chegava à final capenga.
A partida foi bem disputada desde o início. Mesmo com um touchdown (gol) dos Patriots nos primeiros minutos, podia se ver que o Giants tinha muita garra e foi este o fator que levou a partida indefinida até os minutos finais.
A decisão se deu num momento em que o Giants perdiam por pouco e podiam ganhar se fizessem um touchdown.
Num desses momentos que engrandecem os esportes e criam heróis; momento de delírio para a torcida do Giants que se deu quando seu quarterback (meia atacante) Eli Manning conseguiu escapar de um ataque massivo dos defensores do Patriots que o cercavam e agarravam-lhe a camisa, e aprumando o seu corpo desequilibrado fez um arremesso perfeito da bola que atravessou 2/3 do campo e caiu nas mãos do atacante David Tyree, que saltou um metro e meio do chão para pegá-la acossado por um defensor do Patriots que tentou em vão tirar a bola dele que ao cair no solo segurando-a prenunciava a grande virada que o Giants aplicou no Patriots.
Com um belíssimo touchdown quatro lances depois deste passe decisivo; e isto com outro passe magnífico de Manning fazendo a bola descrever uma hipérbole subindo até um ponto alto e caindo devagar, e isto a 34 segundos do final da partida.
Foi um jogo de grande emoção e como amante do esporte bretão, o aqui chamado soccer, tiro o chapéu para o futebol americano e o recomendo para quem torce o nariz para o esporte.

PS: Fotos do NYDaily News e Arizona Central News