Hoje, após 37 anos da conquista do Tricampeonato da Copa do Mundo, da detenção definitiva da Taça Jules Rimet, pela seleção do Brasil; é emocionante lembrar de todas as partidas que o Brasil teve naquela competição. Lembrar dos lindos gols que foram feitos na sua grande maioria com maestria e arte pelos maiores e maior numero de craques que o mundo já teve reunidos numa só seleção, representando apenas um país, o sorridente e abençoado Brasil.
Naquele ano, 1970 a Tv colorida era a grande novidade nas casas de classe média no Brasil. Tudo estava facilitado nas lojas pra que se vendessem as Tvs e pudesse se ver o amarelo da camisa do escrete canarinho na tela colorida. Era o homem na Lua e Pelé na Terra. Pelé e mais dez seria uma idéia errada deste escrete. Um escrete que nasceu da mistura de jogadores de duas equipes em grande momento naquela época. O Santos e o Botafogo do Rio de Janeiro. O técnico era o João Saldanha. O time titular que Saldanha montara era Felix (Fluminense) ,Carlos Alberto (Santos), Djalma Dias (Santos), Joel (Santos) Rildo (Botafogo), Wilson Piazza (Cruzeiro), Gerson (Botafogo), Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos).
Todo mundo conhecia este time como as Feras do Saldanha. Era um arraso. Nas eliminatórias passeávamos, com resultados expressivos.
Brasil 2 x Colombia 0,
Brasil 5 x Venezuela 0
Brasil 3 x Paraguai 1
Brasil 6 x Colombia 2
Brasil 6 x Venezuela 0
Brasil 1 x Paraguai 0
Em seis partidas a seleção do Brasil marcara 23 e sofrera 3 gols, alcançando uma media de 3,7 gols por partida, dando mostras da excelëncia da equipe. O artilheiro nesta fase foi Tostão com 10 gols, seguido por Pelé com 6 , Jairzinho com 3, e Edu com 2 e Rivelino (Corinthians) com 1. O gol restante foi contra.
Esta sensacional classificação foi importante para recuperar o prestígio e a confiança no time brasileiro que vinha de uma péssima campanha na Copa de 1966 na Inglaterra, onde foi eliminada na primeira fase do torneio.
Mas mesmo com tanto sucesso e vitórias, as pressões contra João Saldanha eram grandes. O fato que mais transparece como o correto para a sua demissão é que o presidente Médici, que na verdade exercicia o cargo de ditador do país, naquela época, pediu ao técnico que convocase o atacante Dario (Atlético Mineiro) que ele tanto estimava.
Mas Saldanha disse a clássica frase que lhe custou o cargo : “O presidente cuida do ministério e eu cuido da seleção.”
Trocou-se o Saldanha pelo Zagalo, naquela época jovem e menos falante do que como nas Copa de 94 e 98. Zagalo convocou o Dario e fez alterações na equipe base que Saldanha montara mas que não mudou a sua substância. A mudança mais importante no ponto de vista tático foi tirar Edu, um ponta esquerda ofensivo e driblador por Rivelino, um meia esquerda ofensivo que sabia fechar o meio de campo quando precisava e era um excelente cobrador de faltas.
Promoveu Brito para ser titular na zaga e para introduzir o jovem talentoso Clodoaldo no meio de campo, recuou Piazza para fazer a dupla de zaga, tirando assim em definitivo a dupla de zaga santista da seleção.
A seleção jogava dentro do esquema 4-2-4 (impressionamente para os dias de hoje), com pequenas variações decorrentes durante a partida para 4-3-3. E isto ficou mantido.
Houve muita polêmica nesta época. Os jornais falavam de um suposto corte de Pelé. Que Pelé não poderia jogar porque estava míope. Outros falavam em problemas pessoais de Edu e Jairzinho. O mundo dava voltas, as expectativas aumentavam e o mês de maio de 1970 chegava no Brasil com marchinhas futebolísticas tocando nas rádios:
“Noventa milhões em ação/prá frente Brasil/Salve a seleção//De repente é aquela/ corrente pra frente/parece que todo o Brasil deu a mão/Todos unidos num só coração...Todos juntos vamos...prá frente Brasil , Brasil....”
E a seleção embarcou num avião branco e imenso para o México. Eram os goleiros Felix (Fluminense). Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras), laterais direitos: Carlos Alberto (Fluminense) e Zé Maria (Portuguesa Desportos), zagueiros: Brito (Flamengo). Wilson Piazza (Cruzeiro) e Baldochi (Palmeiras), laterais esquerdos: Everaldo (Gremio) e Marco Antonio (Fluminense), meio de campo : Fontana (Cruzeiro) , Joel Camargo (Santos). Clodoaldo (Santos). Gerson (São Paulo) e atacantes: Jairzinho (Botafogo). Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos), Edu (Santos). Dario (Atletico Mineiro), Paulo Cesar (Botafogo), Roberto (Botafogo) e Rivelino (Corinthians).
Acenavam os jogadores a torcida que urrava e as faixas enquanto as bandeiras se agitavam. Havia uma euforia gigantesca no ar que se espalhava por todo o país. Nas ruas haviam muitas bandeiras do Brasil enfeitando as vitrines das lojas. As flâmulas da seleção nos carros, nas portas de casas, todos estavam de fato ligados numa só emoção. Era um fato. Parece que todos sabiam que com aquele time o Brasil iria ganhar.
A Copa do Mundo seria nossa.
PS. "Este post continua na próxima semana."