Monday, July 30, 2007

SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1970 – A MELHOR SELEÇÃO QUE O MUNDO JÁ VIU JOGAR–PARTE 01


Hoje, após 37 anos da conquista do Tricampeonato da Copa do Mundo, da detenção definitiva da Taça Jules Rimet, pela seleção do Brasil; é emocionante lembrar de todas as partidas que o Brasil teve naquela competição. Lembrar dos lindos gols que foram feitos na sua grande maioria com maestria e arte pelos maiores e maior numero de craques que o mundo já teve reunidos numa só seleção, representando apenas um país, o sorridente e abençoado Brasil.

Naquele ano, 1970 a Tv colorida era a grande novidade nas casas de classe média no Brasil. Tudo estava facilitado nas lojas pra que se vendessem as Tvs e pudesse se ver o amarelo da camisa do escrete canarinho na tela colorida. Era o homem na Lua e Pelé na Terra. Pelé e mais dez seria uma idéia errada deste escrete. Um escrete que nasceu da mistura de jogadores de duas equipes em grande momento naquela época. O Santos e o Botafogo do Rio de Janeiro. O técnico era o João Saldanha. O time titular que Saldanha montara era Felix (Fluminense) ,Carlos Alberto (Santos), Djalma Dias (Santos), Joel (Santos) Rildo (Botafogo), Wilson Piazza (Cruzeiro), Gerson (Botafogo), Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos) e Edu (Santos).

Todo mundo conhecia este time como as Feras do Saldanha. Era um arraso. Nas eliminatórias passeávamos, com resultados expressivos.

Brasil 2 x Colombia 0,

Brasil 5 x Venezuela 0
Brasil 3 x Paraguai 1

Brasil 6 x Colombia 2
Brasil 6 x Venezuela 0
Brasil 1 x Paraguai 0

Em seis partidas a seleção do Brasil marcara 23 e sofrera 3 gols, alcançando uma media de 3,7 gols por partida, dando mostras da excelëncia da equipe. O artilheiro nesta fase foi Tostão com 10 gols, seguido por Pelé com 6 , Jairzinho com 3, e Edu com 2 e Rivelino (Corinthians) com 1. O gol restante foi contra.

Esta sensacional classificação foi importante para recuperar o prestígio e a confiança no time brasileiro que vinha de uma péssima campanha na Copa de 1966 na Inglaterra, onde foi eliminada na primeira fase do torneio.

Mas mesmo com tanto sucesso e vitórias, as pressões contra João Saldanha eram grandes. O fato que mais transparece como o correto para a sua demissão é que o presidente Médici, que na verdade exercicia o cargo de ditador do país, naquela época, pediu ao técnico que convocase o atacante Dario (Atlético Mineiro) que ele tanto estimava.

Mas Saldanha disse a clássica frase que lhe custou o cargo : “O presidente cuida do ministério e eu cuido da seleção.

Trocou-se o Saldanha pelo Zagalo, naquela época jovem e menos falante do que como nas Copa de 94 e 98. Zagalo convocou o Dario e fez alterações na equipe base que Saldanha montara mas que não mudou a sua substância. A mudança mais importante no ponto de vista tático foi tirar Edu, um ponta esquerda ofensivo e driblador por Rivelino, um meia esquerda ofensivo que sabia fechar o meio de campo quando precisava e era um excelente cobrador de faltas.

Promoveu Brito para ser titular na zaga e para introduzir o jovem talentoso Clodoaldo no meio de campo, recuou Piazza para fazer a dupla de zaga, tirando assim em definitivo a dupla de zaga santista da seleção.

A seleção jogava dentro do esquema 4-2-4 (impressionamente para os dias de hoje), com pequenas variações decorrentes durante a partida para 4-3-3. E isto ficou mantido.

Houve muita polêmica nesta época. Os jornais falavam de um suposto corte de Pelé. Que Pelé não poderia jogar porque estava míope. Outros falavam em problemas pessoais de Edu e Jairzinho. O mundo dava voltas, as expectativas aumentavam e o mês de maio de 1970 chegava no Brasil com marchinhas futebolísticas tocando nas rádios:

Noventa milhões em ação/prá frente Brasil/Salve a seleção//De repente é aquela/ corrente pra frente/parece que todo o Brasil deu a mão/Todos unidos num só coração...Todos juntos vamos...prá frente Brasil , Brasil....”


E a seleção embarcou num avião branco e imenso para o México. Eram os goleiros Felix (Fluminense). Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras), laterais direitos: Carlos Alberto (Fluminense) e Zé Maria (Portuguesa Desportos), zagueiros: Brito (Flamengo). Wilson Piazza (Cruzeiro) e Baldochi (Palmeiras), laterais esquerdos: Everaldo (Gremio) e Marco Antonio (Fluminense), meio de campo : Fontana (Cruzeiro) , Joel Camargo (Santos). Clodoaldo (Santos). Gerson (São Paulo) e atacantes: Jairzinho (Botafogo). Tostão (Cruzeiro), Pelé (Santos), Edu (Santos). Dario (Atletico Mineiro), Paulo Cesar (Botafogo), Roberto (Botafogo) e Rivelino (Corinthians).


Acenavam os jogadores a torcida que urrava e as faixas enquanto as bandeiras se agitavam. Havia uma euforia gigantesca no ar que se espalhava por todo o país. Nas ruas haviam muitas bandeiras do Brasil enfeitando as vitrines das lojas. As flâmulas da seleção nos carros, nas portas de casas, todos estavam de fato ligados numa só emoção. Era um fato. Parece que todos sabiam que com aquele time o Brasil iria ganhar.

A Copa do Mundo seria nossa.


PS. "Este post continua na próxima semana."


Monday, July 23, 2007

DAVID BECKHAM - A Anatomia Pífea de Um Astro ou A Anatomia de um Astro Pífeo.


O celebrado jogador David Beckham acabou de fazer neste ultimo dia 21 de julho (sábado) sua estréia na Liga de Futebol dos Estados Unidos a MLS (Major League of Soccer) pelo Galaxy de Los Angeles, Califórnia.

O imenso aparato publicitário montando em torno deste evento chega a assombrar o amante do esporte bretão.

O que paira sobre as cabeças são várias perguntas, uma delas é se Beckher joga toda esta bola pra tanta festa em torno da sua figura.

Se de fato ele é o semideus como está sendo tratado e bajulado pela mídia local.

O fato é que o sucesso comercial “Beckham” nada tem a ver com sua performance como jogador de futebol. É curioso notar este fato, porem é de dificil compreensão.

Foi surpreendente ver uma emissora com o gabarito da ESPN entrar neste esquema totalmente alienado para transmitir a partida amistosa entre o Chelsea da Inglaterra e o Galaxy na qual Beckham estrearia.

Já que o jogador contundido passou maior parte do jogo sentando no banco de reservas, a emissora partiu para uma cobertura social do evento. Na tela da Tv você assistia dois, três e até quatro quadros de imagem. Em um quadro voce via a imagem do governador da Califórnia com sua esposa, a esposa de Beckham e celebridades do cinema tomando champanhe e dando suas impressões sobre Beckham, na outra flashes da torcida, na outra imagens do jogo (ah estava tendo um jogo!) e na outra a camara exclusiva em Beckham, isto mesmo, uma camara mostrando o Beckham sentando no banco, suas reações, suas expressões por todo o tempo. Bem, não é fácil ser estrela.

Cena beirando ao patético.

A bola vai para fora e em direção a Beckham sentado no banco. Ele se levanta e chuta a bola, a retornando ao campo. A imagem se torna unica na tela. O locator esbraveja: - Beckham tocou na bola pela primeira vez como jogador do Galaxy.

Repetem a cena repetidamente e em camara lenta.

Acho que alguem na emissora estava pra lá, bem pra lá de Marrakesh.

Quando ele entrou em campo estenderam um tapete vermelho.

Mas afinal, quem é Beckham? Um craque? Um gênio da raça? Um fenômeno?

Dá para comparar a importância de Beckham ao futebol a craques como Pelé e Maradona? De forma alguma. Nem de longe teve a majestade destes craques.

Daria para se comparar seu futebol a jogadores como Zico, Beckenbauer, Ronaldo e Rivaldo, por exemplo? Nem pela qualidade de seu futebol, nem pelas conquistas que alcançou no esporte.

Beckham foi o garoto prodígio do futebol inglês, brilhou e conquistou titulos pelo Manchester United quando iniciou a jogar em 1991. Como meia direita atacante, se tornou célebre por seus passes de longa distância e cobranças de faltas. Ganhou titulos nacionais e internacionais com seu clube. Transiferido em 2003 para o Real Madri de onde saiu este ano participando de duas importantes conquistas do clube espanhol.

Beckham surgiu numa época em que a Inglaterra ressentia, como ressente ainda, em voltar a ser uma potência mundial no futebol. De ter um craque como Bobby Chalton, o herói da conquista da Copa de 1966.

Mas o fato é que ele não conquistou nada de expressivo com a seleção inglêsa e ainda mais, durante a Copa de 1998 em que os holofotes estavam todos voltados a sua pessoa como o melhor jogador do mundo, na partida decisiva e eliminatória contra a Argentina ele teve péssima atuação e ainda foi expulso por uma atitude infantil de revide a uma provocação verbal de um jogador argentino, quando a partida estava empatada e sendo dominada pela Inglaterra.

Na Copa de 2002 resgatando sua imagem com a mídia e lançamento de um filme com seu nome, jogou contra o Brasil talvez a melhor partida da Inglaterra nas últimas copas. Mas perderam para a categoria do Brasil com Ronaldinho, Ronaldo e Rivaldo, e foram desclassificados.

Não se pode dizer que Beckham seja um péssimo jogador. Nem de longe é isto. É um bom jogador. Habilidoso e que sabe dar um bom trato na bola. Mas não é o melhor dos melhores. Não é craque. Porém teve a sorte de brilhar aos olhos do mundo através da publicidade, com seu jeito de manequim, da esposa estrela da musica pop (ex-Spice Girls).

Dentro deste lixo consumista onde a imprensa noticia com mais destaque suas tatuagens e seus cortes de cabelos do que seus gols. Que gols? Ainda mantenho acessa a esperança, mesmo que vã, de que o futebol masculino brilhe e se firme nas terras do tio Sam.

Sonhar com que Beckham seja como um Zico no Japão seria uma temeridade.

Cabe notar que aqui já tivemos o Cosmos dos anos 70 com Pelé e Beckenbauer. A primeira tentativa de se trazer o futebol prá este lado do planeta. Ainda, nos anos 90 outros clubes da pequena MLS trouxeram o italiano Donadoni (Red Bulls), o alemão Lothar Matthaus e o frances Djorkaeff (Metro Stars). Não deram um bom resultado.

E não esqueçamos também do Valderama no Miami Fusion na década passada.

Acho que o caminho das pedras para o futebol nos Estados Unidos está no crescimento do segmento hispânico em sua população.

A cada ano que passa mais e mais se joga futebol nas escolas básicas dos Estados Unidos.

A cada ano que passa mais campos de futebol estão sendo construidos.

Acabou-se de se criar a Liga Intermediária da MLS , um tipo de segunda divisão. E assim, aos poucos, se jogando ali, se jogando aqui. O esporte sem duvida vai crescer no país como um fato cultural.

Mas não graças a um evento de mídia.

O evento, o vento levou.

Tuesday, July 17, 2007

ENFIM ABANDONAMOS O TANGO E DEIXAMOS O SAMBA ROLAR


Esta ultima Copa América foi sem dúvida uma das mais fracas em qualidade técnica apresentada pela maioria das equipes participantes. Mas foi a que teve uma das primeiras partidas mais decepcionante, uma das partidas da semi-final mais emocionante e uma partida da final mais surpreendente na história recente deste torneio. Sendo que o protaganista nestas tres partidas foi, nada mais nem nada menos que o nosso Brasil. O aclamado pentacampeão do mundo.

Do Brasil, já se sabia e já se esperava que ia nos dar grandes sustos desde a convocação feita pelo inexperiente técnico Dunga que não contando com Ronaldinho e Kaká para a competição chamou para compor o grupo, jogadores dos quais entre eles apenas dois, Juan e Gilberto Silva haviam participado da ultima Copa do Mundo do ano passado e tendo em Robinho a confiança depositada de um futebol de qualidade. Muito pouco pra um time com a nossa tradição. Mas assim fomos. Um time com Doni, Daniel Alves, Vagner Love e outros jogadores, poucos conhecidos pela torcida, envergando a verde e amarela.

No primeiro jogo, para nós que moramos na Flórida e acompanhamos futebol sabemos que o México há decada deixou de ser um time bobo. Tem jogadores habilidosos, gosta de jogar no ataque e passou a ter bons arqueiros. Sendo ainda a maior desvantagem do time o fato de seus jogadores serem pequenos em relação a maioria dos times das Américas e da Europa. Nós sabiamos que o jogo não ia ser fácil pra um time como o nosso , inexperiente e pouco entrosado. Mas perder de 2x0 e jogar sem esboço de uma reação? Foi deveras decepcionante a nossa estréia nesta Copa América. Naquele ponto, estava dificílimo antever que estaríamos na final.

Depois passamos pelo Chile apresentando certa melhora na marcação. Doni também fez duas grandes defesas e passou mais confiança para o torcedor. O nosso meio de campo sofria com a ausencia de um jogador que levasse o time ao ataque e com a própria indefinição do técnico em quem escalar neste setor. O Vagner Love ( detestável como o locutor hispanico da TV Telefutura exagera no Loooooooooove, quando se refere ao jogador) jogava isolado e o Robinho inspirado fazia os gols.

A verdade é que ganhamos de times fracos jogando mal, e quando voltamos a jogar com o Chile na Quarta de Final acredito que foi quando o time se afinou e se encontrou. O Brasil fez uma apresentação tranquila mas com um padrão de jogo notadamente superior aos outros jogos da competição. Havia mais sintonia entre os jogadores, as jogadas se repetiam sistematicamente e o passe de bola era rápido e com objetividade e sempre para frente.

Os gols sairam e fomos jogar contra o Uruguai onde começamos a jogar da mesma forma como contra o Chile e o primeiro gol saiu rápido. Dominávamos e envolvíamos o Uruguai nos primeiros quinze minutos. Criamos ao menos tres oportunidades de gol. Já cheirava uma nova goleada. Mas ai veio o apagão do Chaves, que com raiva do Lula, acho, mandou apagar a luz do estádio. Quando o jogo recomeçou vinte minutos depois o Uruguai tinha mudado totalmente a postura do seu meio campo defensivo e o Brasil, oras o Brasil tinha esfriado e dormido na idéia dos quinze minutos que tinha jogando antes do apagão. E foi então que passamos a confiar mesmo no arqueiro Doni, pois o arqueiro fez grandes defesas e impediu que o Uruguai virasse o jogo já no primeiro tempo.

O fato foi que empataram, e nós desempatamos e caspite!!! Não soubemos nem segurar o resultado e nem segurar a pressão e a habilidade do atacante uruguaio Furlan. Mesmo assim, ganhávamos e num momento em que tudo parecia até ser mais possível sair mais um gol do Brasil foi o Uruguai que empatou e o Dunga então errou promovendo duas modificações simultaneas no time. Tirando Vagner Love e Julio Batista e colocando Afonso e Fernando. E no banco Elano, Diego e Adriano se entreolhavam.

Fomos para a decisão por penaltis e sabe-se lá o que seria de nós se o Lugano não tivesse chutado no meio do gol e se o juiz tivesse mandado repetir a cobrança do penalti, pois o nosso goleiro pulou adiantado. Mas ninguem, notadamente, fez muito por isto. O fato foi que estávamos na final.

No dia seguinte já sabiamos que ia ser contra a Argentina. Na outra partida de semi-final, o México jogou um bom primeiro tempo contra a Argentina. Perdeu duas chances claras de gol. Dominou a Argentina por meia hora ao menos. Neutralizou o seu ataque. Ensinou o caminho das pedras pro Dunga. Só que sem o vigor fisico que a Argentina tem e sem o toque de classe de um Riquelme que deu um passe magistral para o primeiro gol da Argentina, num momento estratégico, aos 44 minutos do primeiro tempo.

A Argentina voltou ao segundo apenas para assinar a fatura e despachar o México para disputa do terceiro lugar. Fez um sonoro 3x0.

A Argentina, então, veio a final desta Copa América consagrada, festejada pela mídia e por sua torcida. Estava inflamada num verdadeiro Samba com muita alegria e confete. O Brasil por sua vez, veio entre tapas e tropeços, meio que capengando, com certa fibra apesar de algumas interrogações. Chegamos a final com ares trágico de um Tango.

Mas como entender? Foi só dar-se o apito inicial da partida que o Brasil voltou a se apoderar do Samba e devolveu o trágico Tango aos gauchos Argentinos. Foram apenas quatro minutos e um átimo de segundo inspirado de Julio Batista que dominou a bola no lado esquerdo da grande área, protegeu-a do zagueiro a sua frente, girou seu corpo como num samba confundindo a marcação e desferiu um chute perfeito quando completou a volta e a bola atingiu o lado direito do gol deixando o goleiro argentino sem condições de defesa. O gol. O lindo gol que nos recolocou no lugar certo da história, mesmo que com letras tortas de um time torto mas que ontem (domingo dia 16 de julho) escreveu certo.

Escreveu tão certo que tudo deu certo para o Brasil depois do primeiro gol. Teve gol contra a nosso favor, bola na nossa trave que não entrou. Teve muita raça e marcação. Teve mais um gol no segundo tempo. Os argentinos, como diria o Silvio Luiz, entregaram a rapadura.

O Brasil mais uma vez fez os bares de Buenos Aires fecharem mais cedo.

Fez muito Argentino ir pra casa aborrecido.

É, futebol tem destas coisas. Um dia a gente ganha, outro dia a gente perde.

Ganhar da Argentina tem um sabor especial pra nós brasileiros. Perder, nem se fala.

Ganhamos. Foi na hora certa, no momento certo.

Este time esta longe de ter o padrão técnico desejado como no time da Copa de 2006, que incrivelmente não correspondeu e em nenhum momento jogou com o impeto da seleção de desconhecidos que ontem decerto mudaram esta condição. Parabéns a todos, parabéns, pronto aderi, Vagner Looooooooooove!!